"O que a Scanner vê? Dentro da cabeça? Dentro do coração? Ela vê dentro de mim? Claramente? Obscuramente?"

  Com o pano de fundo 'fictício' chamado de 7 anos a partir de agora, o completa e agressivamente monitorado por câmeras E.U.A é vencido na luta contra as drogas. Batalha essa perdida principalmente para a tal substância D, droga popular causadora de alucinações e responsável por degradação gradativa do cérebro do usuário. E é dentro dessa escaneada realidade que Scanner Darkly (O Homem Duplo) nos é apresentado por Richard Linklater.

  Bob Arctor (Keanu Reeves) é um dos agentes ao combate do narcotráfico escolhidos para a função de 'policial disfarçado'. Para isso, ele tem de se sujeitar ao uso de um traje especial que combina partes (olho, boca, braço, peito...) diferentes de 1.500 pessoas de forma aleatória e interrupta. Enquanto investiga de perto a vida de seus amigos adictos, Arctor se vê cada vez mais confuso e sequelado pela droga, já que o mesmo foi "obrigado" a fazer uso da mesma para a investigação.

  "Eu espero que ela veja claramente, porque eu mesmo já não consigo me ver internamente. Só vejo escuridão. Espero que, para o bem de todos, as scanners possam ver melhor. Porque se a scanner só vê obscuramente como eu vejo, então estou amaldiçoado e amaldiçoado novamente".

  Richard Linklater, diretor consagrado pela trilogia de Antes do Amanhecer e famoso pelo recente Boyhood, usa e abusa de um dos seus artifícios mais característicos: Filosofias interessantes em diálogos banais. Quem assistiu um tanto de seu trabalho sabe bem do que estou falando e de como Linklater é forte com essa proposta. Outro artifício que é repetido pelo cineasta norte-americano é o uso do interpolated rotoscope, técnica que transforma em animação um vídeo previamente gravado em Live Action, preservando as expressões faciais dos atores. O efeito só vem à acrescentar à proposta alucinógena do filme, caindo muito bem nas impagáveis atuações dos coadjuvantes Robert Downey Jr, Woody Harrelson, Rory Cochrane e Winona Ryder.

  O filme, além de muito divertido e com atuações igualmente divertidas, acumula uma pilha de críticas sérias. Tendo como principais alvos as próprias drogas e a parcela de culpa do governo americano nessa "epidemia". Na verdade, os minutos finais da adaptação é que a tornam muito mais que só mais um filme. O Homem Duplo lida com uma população monitorada por quem se propõe a proteger, maltratada por quem se propõe a cuidar e passiva quando deveria agir. Haha! E chamam isso de ficção...

  "Só vou acabar morto desse jeito. Sabendo muito pouco e ainda entendendo esse muito pouco equivocadamente".

NOTA : ★★★★
[ A Scanner Darkly / 2006 / Richard Linklater ]

  E então, finalmente, após toda a espera e o hype recebido posso dizer que tenho meu veredicto: Estou um pouquinho decepcionado com "Os Vingadores 2". Mas calma! Talvez eu tenha criado demasiadas expectativas. Afinal, gostei bastante do filme e mesmo com a longa duração não o achei em nada cansativo. Porém, eu seria um cego culpado se dissesse que que não senti falta de alguma coisa...

  A história toda é resumida ao seguinte: Tony Stark (Robert Downey Jr.) em sua busca egocêntrica pela construção de um sistema de inteligência artificial que "garanta" a paz mundial, acaba sendo direta ou indiretamente responsável pelo nascimento do vilanesco e poderoso Ultron (muito bem dublado por James Spader). Os vingadores precisam mais uma vez trabalhar em equipe e até contar com alianças inesperadas para salvar o planeta. Até aqui, uma sinopse comum com muita margem para ser trabalhada em cima. O problema é que para por aí.

  Divertidíssimo! Consegue ser ainda mais divertido/cômico que o 1. Novamente com ótimas atuações do elenco principal e, dessa vez, algo diferente em relação ao primeiro filme: Todos os avengers tem seu destaque. Participações muito notáveis de Viúva Negra (Scarlett Johansson) e Gavião Arqueiro (Jeremy Renner) na trama, inclusive. E como esperado, um show visual! A direção das cenas de combate continuam muito boas. A maneira que a câmera vai te apresentando as batalhas individuais de cada vingador como uma espécie de "tour" é particularmente incrível, faz com que você não queira sequer piscar.

  Se o filme é tudo isso, qual o lado ruim? Não passar disso. Dessa vez, parecia que teríamos um filme relevante não só dentro do cenário dos HQs, mas do cinema em geral. E não foi isso o que aconteceu. Tanto para se ver e tão pouco para se pensar... A magnitude gráfica e o excesso de grandes (e atropelados) eventos acabam sugando todo o oxigênio do filme, sobrando quase nada para os momentos menores e o conteúdo inteligente que considero necessário. Agora era a hora de acrescentar, de inovar... De evoluir! Por exemplo, se você parar para pensar o filme lida outra vez com evacuação da cidade e lutra contra um exército genérico que ninguém dá a mínima. E isso, tenho que dizer, achei um tanto preguiçoso da parte do Sr. Whedon. Resumindo: Vi muito do que poderia ser expressivo e pouco do que foi de fato.

  De qualquer forma, "Avengers: Age of Ultron" vai agradar a grande maioria assim como me agradou. Outra coisa bem empolgante é que é aberta uma margem para as próximas sequências da Marvel. Então, fica para o fã dos HQs a dica de se preparar para mais do mesmo. Fica para a Marvel a expectativa de anos promissores. Fica para mim o aprendizado de que não se deve esperar um excelente filme do que só se propõe a ser um excelente blockbuster.


NOTA : ★★★½
[
 Avengers: Age of Ultron / 2015 / Joss Whedon ]

  "Se você não consegue rir de si mesmo, a vida será bem mais longa do que você gostaria".

  Hora de Voltar (Garden State) foi um filme que certamente marcou o ano de 2004. Pode-se dizer que o mesmo deu uma "nova cara" à um gênero que apesar de já existir não havia sido explorado no cinema da maneira que deveria, a Comédia Dramática. Essa junção da comovente e devastadora tragédia com o aconchegante bom humor pode não dar tão certo se não for elaborada com suficiente sensibilidade. O que não foi MESMO o caso na estréia de Zach Braff 
(que até então, só conhecido como o J.D do sitcom Scrubscomo diretor.

  Além de diretor e roteirista, Braff interpreta o introspectivo Andrew Largeman, um aspirante a ator que vive em Los Angeles. Logo no início, vemos que Andrew faz uso de uma infinidade de remédios controlados e, talvez por efeito colateral, é altamente melancólico e introspectivo. Em outras palavras, não precisa assistir muito do filme para perceber que o personagem tem "trauma" estampado em sua testa.


  O drama se desenvolve ainda em sua introdução, quando Andrew recebe uma mensagem de voz de seu pai Gideon Largeman. Na mensagem, Gideon lamenta não ver o filho há anos, reclama por ele não retornar suas ligações nunca e, claro... Diz que sua mãe morreu. 

  Para comparecer ao funeral, Andrew volta à sua terra natal: Nova Jersey (Que é "apelidada" de Garden State, por isso o nome do filme). Estar de novo em casa, reencontrar velhos amigos, lidar com fantasmas do passado e conhecer Sam (Natalie Portman), uma garota tão sequelada quanto ele, faz Andrew repensar a maneira que tem vivido os últimos "anestesiados" anos de sua vida e como deveria ser muito mais do que isso. 

  Temos vários exemplos de atores que se dão bem dirigindo e atuando em seu próprio filme, mas o que Zach Braff fez foi genuinamente notável! Pois embora a vida de Andrew talvez seja uma realidade bem distante de uma esmagadora maioria, seus ensinamentos assistem a todos. o título brasileiro "Hora de Voltar" implica muito mais que a hora de Andrew voltar à sua terra natal, mas a hora de voltar a viver. De abandonar os "medicamentos" que nos retardam, deixar para trás as inseguranças e corajosamente explorar esse abismo que é a vida...


NOTA : ★★★★
[ Garden State / 2004 / Zach Braff ]

  Sou louco por futebol e cinema desde que consigo me lembrar. Sendo o mais franco possível, não tenho lembranças de alguma época em que não tenha sido apaixonado por ambos. Então você, leitor do Pratteleira, vai me perdoar se eu parecer um tanto exaltado ou demasiadamente emotivo ao falar desse filme que une minhas duas maiores paixões.

  Todo fanático por futebol já deve ter ouvido diversas vezes, em tom desagradável, a seguinte afirmação: "É só um jogo!". Logo, não era diferente para o professor de inglês Paul Ashworth (Colin Firth), ou como provavelmente ele preferiria ser identificado, gooner Paul Ashworth. A adaptação do aclamadíssimo livro homônimo de Nick Hornby trata sobre a vida de Paul e não apenas sua devoção ao Arsenal Football Club, mas a maneira em que tudo em sua vida era sintetizado em futebol e suas emoções direta ou indiretamente associadas ao desempenho da equipe londrina.

"Depois de um tempo você passa a ficar confuso. Você não consegue lembrar se a vida é uma merda porque o Arsenal é uma merda ou se é o contrário"

  O filme intercala cenas da infância de Paul, onde o mesmo encontrou na paixão pelo Arsenal um elo com seu pai (divorciado de sua mãe), com cenas "atuais" do protagonista. Lógico, o desiludido professor não espera muito da vida e, se quer saber, a mensagem passada é que é "culpa" do até então conhecido como "Boring Arsenal". Pois uma vez que tudo o que ele vivia era uma espécie de reflexo do que acontecia dentro das quatro linhas do Highbury (na época, estádio dos Gunners), não se podia esperar muita coisa mesmo. Sem grandes perspectivas, ambições ou notáveis alegrias, tal como seu time, Paul segue sua apática vida... Isso até conhecer Sarah (Ruth Gemmell) e, na mesma temporada, acompanhar uma das melhores campanhas do Arsenal em anos! Sua vida ali mudaria... E ele mal sabia.

  Já dá para ter uma noção do conflito que se encaminha na trama? Paul, que até então não tinha preocupações maiores que "Qual a escalação hoje?" e não fazia planos maiores que "Quais os jogos fora de casa que assistirei nessa temporada?", tinha agora que abrir espaço para mais uma paixão em sua vida e com alguém que não fazia ideia do que é ser doente por futebol... Qualquer informação que vá além disso pode ser considerara um spoiler e, por conta disso, encerro aqui minha sinopse.

   Para qualquer amante do futebol, o grande trunfo do filme não é nem de longe a trama... Mas sim a capacidade de fazer com que o mesmo se sinta compreendido. A forma com que Paul conta o tempo não em anos, mas em temporadas. O ímpeto em entrar em debates longos sobre o esporte. O quão ridículo parece ponderar optar por algum outro programa em dia de jogo. A necessidade em ter conhecimento a respeito de cada fato sobre seu time... Sinto que tudo isso é como se alguém finalmente tivesse colocado um grande anúncio, para o mundo inteiro ver, avisando que NÃO é só um jogo, que NÃO importa se os jogadores não nos conhecem e estão ganhando seus milhões, que NÃO estamos tristes/desvatados por bobagem... Avisando que futebol importa... Que é parte do que somos e só tem alicerce para julgar isso quem vive.

  A obra de David Evans te faz refletir na seguinte questão: A tal "Febre de Bola" é uma dádiva ou uma doença? E para os que esperam uma resposta eu digo o que para os de dentro é mais que óbvio, mas para os de fora é absurdo: Os dois. Uma ingrata e maldita dádiva , uma bela e bendita doença.


NOTA : ★★★½
[ Fever Pitch / 1997 / David Evans ]  

  Tiroteios, manobras questionáveis, máfia russa, vingança e, é claro, Keanu Reeves usando preto. Tudo muito irado, né? Né. Mas calma... Tá faltando algo, não? Cadê o enredo bem elaborado e plot twists de John Wick (De Volta ao Jogo)?

  Interpretando o 6º "John" de sua carreira, com seu novo filme Keanu Reeves rouba a cena em Hollywood aparecendo como o rosto da nova fase dos Revenge Flicks (Filmes de ação onde o protagonista é obcecado por vingança). E quando falo em "nova fase", é porque sinto que o cinema está realmente mudando. E isso pode/deve ser bom...

  John Wick é um ex-matador de aluguel (mercenário, hitman, sirva-se...) absurdamente temido em Nova York que passa por uma dura perda: A de sua esposa. A mesma, em seus últimos dias, dizia estar em paz e para que John não atravessasse o luto sozinho, o presenteou com um cachorro. Dias após a morte de sua mulher, assaltantes invadem a casa de John, roubam seu carro e matam seu cachorro (que já cheirava à morte desde o primeiro segundo em que apareceu). Voltando a ativa, Sr. Wick se vê obcecado por vingança quando descobre que os assaltantes estavam associados aos russos para quem ele costumava trabalhar. Rááá!!! Dá para ser mais clichê que isso? Dá! Esqueci de dizer que o filme começa com o clássico despertador tocando e o protagonista batendo a mão em cima para desligar. Hahahaha

  Eu tinha todos os motivos do mundo para desgostar do filme, mas não consegui. Cenas de combate totalmente novas e a trilha sonora... Ah, a trilha sonora... Ela é sensacional. Além de perfeitamente aliada às cenas de pancadaria e tiroteio (lê-se extermínio), pode ser considerada um show à parte. Django Livre, Gangster Squad e até mesmo o aclamadíssimo Drive estão aí para mostrar que Revenge Flicks não precisam ter um enredo acima da média para conquistarem a platéia e até mesmo a crítica. Tudo o que eles precisam é envolver à sua maneira. E isso, o filme de David Leitch e Chad Stahelski faz absolutamente bem.

  Tendo esclarecido que o título dessa crítica em nada é irônico, gostaria de destacar como me alegra quando um filme sendo clichê consegue se renovar e, com isso, inovar no gênero. Encerro minha resenha com a seguinte frase: John Wick: Sem enredo, sem surpresas, sem grandes atuações e, apesar de tudo isso, sem chances de desagradar.


NOTA : ★★★½
[ John Wick / 2014 / David Leitch & Chad Stahelski ]

  Vamos deixar algumas coisas claras: Sou fã do Oscar Isaac sim! Acho ele extremamente talentoso sim! E sou intrigado com a má vontade da Academia para com ele sim! Pronto. Agora sigamos com a crítica de "O Ano Mais Violento (A Most Violent Year)", de JC Chandor.
obs: Guatemalteco, para os desinformados, é quem nasce na Guatemala. E eu nem tive que buscar no google. Juro que não.


  O filme se passa em Nova York no ano de 1981, vulgo o ano mais violento da cidade já registrado. Abel Morales (Oscar Isaac) é um ganancioso e bem sucedido comerciante de combustível que, em pouquíssimo espaço de tempo, conseguiu conquistar muito mais do que qualquer um em seu ramo poderia imaginar. E apesar do termo "ganancioso" ter uma conotação toda pejorativa, Sr. Morales é um homem íntegro, trabalhador e muito honesto em tudo - ou quase tudo - o que faz.

"Você precisa saber que eu sempre escolhi o caminho mais correto. O resultado nunca está em questão para mim. Apenas o caminho que se escolhe para chegar até ele, e sempre existe um que é o mais correto".

  O longa-metragem fica interessante já no início, quando um de seus funcionários é tirado a força (à base da porrada mesmo!) de um dos caminhões carregados de combustível da companhia. Não sendo essa a primeira - e certamente não a última - ameaça aos seus negócios, cada vez mais pressionado por sua esposa Anna (Jessica Chastain) a tomar uma atitude mais "agressiva", Morales se vê no momento mais delicado de sua vida. As coisas não poderiam permanecer como estavam...

  Fiquei impressionado com a química entre Oscar Isaac e Jessica Chastain. Os dois atuaram maravilhosamente bem e Chastain mais uma vez não nos decepcionou. Já Oscar foi brilhante em cada aspecto da palavra. Por exemplo, ego enorme era a maior das características de seu personagem e JC Chandor nem precisou bater tanto nessa tecla, pois o protagonista foi capaz de inserir isso nas entrelinhas de forma sutil e competente. Digo mais... Muito dos comentários positivos que o filme recebeu se deve à essa dupla de atores que estão numa ascensão, digamos que... Meteórica!

  Muito bem dirigido e fotografado, o filme chegou a ser citado como um filme "soft gangster", por sua proximidade dos filmes de máfia num contexto geral e distância quando se tem como comparativo a violência (apesar do nome). Um drama cheio de diálogos marcantes, cenas marcantes e como já falado, atuações marcantes... Seria uma pena se chegasse uma suposta biografia meia-boca de um sniper e roubasse a cena por causa do colossal ego norte-americano. Er... Então... Recomendo demais O Ano Mais Violento e que se dane a Academia!

NOTA : ★★★
[ A Most Violent Year / 2014 / JC Chandor ]

  Hoje acordei sem lembrar ao certo se assisti à um filme ou se sonhei com um filme. "Que viagem..." foi o pensamento predominante durante o banho, café e indo para a aula, enquanto lembrava das sequências dirigidas por Paul Thomas Anderson. Mas foi fazendo o caminho de volta que me convenci não somente do que havia acontecido como um todo, mas de que eu precisava de mais uma dose. Mais uma dose de Vício Inerente

  Podemos dizer que o mais recente trabalho do visionário e peculiar diretor tem, assim como direções prévias do mesmo, um ritmo que não vai agradar gregos e troianos. Afinal, não é todo mundo que gosta de filmes "paradões" (numa linguagem mais desacatada). Não é verdade? 

  A adaptação do livro homônimo de Thoman Pynchon acontece numa Los Angeles setentista e inicia-se numa cena onde o detetive particular - e chapado de carteirinha - Doc Sportello (Joaquin Phoenix) é surpreendido com a visita de sua ex-namorada Shasta, a qual o mesmo não via há mais de um ano. E com um olhar que gritava "saudade", Shasta explica que tem saído com um cara casado. Sendo mais preciso, um milionário chamado Mickey Wolfmann. E que o mesmo estava prestes a ser vítima de um sequestro com o intuito de interná-lo num manicômio, por sua própria esposa (a qual aceitava pacificamente o caso dos dois). E então, eis a grande dúvida na qual Shasta precisava da ajuda do anti-herói Sportello: Deveria ela se unir à esposa de Mickey e desfrutar da fortuna? 

  Daí pra frente a história vai se esclarecendo, não é? Errado. Nas 2 horas seguintes de investigação e mal-entendidos a trama só se enrola. Personagens e mais personagens nos são apresentados num ritmo monótono em um cenário alucinógeno (talvez devido a brisa por osmose de tanto que o protagonista fuma baseado em cena). Você está certo de que não deve estar entendendo tudo muito bem, mas entende que deve está tudo certo. Ãn? Em outras palavras, não se preocupe em entender cada detalhe do desenrolar da história, pois tenho convicção de que a oferta do filme é a tal "viagem" e não o entendimento. 

  Divertido, psicodélico e cheio de atuações marcantes (como de praxe nas películas dirigidas por PTA), o filme traz esse efeito gradativo na avaliação de quem o assiste. Melhorado à cada reflexão. Sabe aquela viagem que você fez ou experiência que viveu e apenas tempos depois se dá conta de que ela foi fantástica? Vício Inerente é essa viagem que só vai saber aproveitá-la quem desistir de digeri-lo à cada diálogo e, despreocupada e simplesmente, viver o momento.

NOTA : ★★★
[ Inherent Vice / 2014 / Paul Thomas Anderson ]