Conhecido como o diretor mais "cool" do cinema contemporâneo, Wes Anderson está numa crescente considerável e caindo de vez nas graças da crítica. Eu, que há pouco tempo atrás só conhecia o excelente Moonrise Kingdom, passei a ver mais do seu trabalho desde o sucesso do igualmente interessante O Grande Hotel Budapeste. Pois bem, dentre todos os seus trabalhos por mim já visto, uma adaptação me chamou a atenção em especial, esta foi: O Fantástico Sr. Raposo.

  A trama conta a história de uma 'família raposa' vivendo em meio a civilização selvagem, ou cidadãos da floresta, Ah... Sei lá. O que sei é que tudo acontece numa realidade alternativa onde alguns animais selvagens (lê-se, neste caso, raposas, gambás, texugos, castores, esquilos e etc) vivem de maneira civilizada e falam inglês como qualquer outro americano. Tendo assim em relação aos humanos, a mesma responsabilidade de educar os filhos, a mesma preocupação em pagar as contas e pôr comida dentro de casa, o mesmo ego ferido quando subestimados e, curiosamente, a mesma necessidade de ser/fazer algo mais na vida além de "só" sobreviver. E é nesse choque do que era para ser ficção com a realidade em que vivemos que os personagens ganham vida!

  O protagonista, Sr. Raposo (maravilhosamente dublado por George Clooney), é pego desprevenido por uma crise existencial 12 anos após descobrir que seria pai. Não que ser um pai de família estivesse sendo um fardo ou coisa do tipo. Mas é que a vida monótona sem correria, adrenalina e furto já não era satisfatória para os instintos selvagens naturais de 'Mr. Fox'. 

  "Por quê uma raposa? Por quê não um cavalo, ou um besouro, ou uma águia americana? Eu estou dizendo isso mais como... Existencialismo, sabe? Quem sou eu? E como uma raposa pode ser plenamente feliz sem, perdoe o vocabulário, uma galinha entre os dentes?" (Sr. Raposo em desabafo para seu amigo Kylie, o gambá).

  Mas aí a pergunta: Por quê não voltar a roubar como todas as outras raposas? Eis o problema. Há 12 anos atrás, a beira de ser capturado juntamente a sua grávida esposa Sra. Raposa (dublada por nada menos que Meryl Streep), Sr. Raposo lhe havia feito uma promessa, a qual consistia em mudar de vida e nunca mais roubar de novo caso eles escapassem da armadilha na qual estavam presos. Hahahaha! E aí, já deu pra prever o que vai acontecer? Talvez até dê para prever uma coisa ou outra. Mas dou minha palavra que a maneira com que tudo acontece é ainda mais fantástica que o nosso protagonista.

  Seja pela peculiaridade no desenvolvimento dos diálogos, pelo humor non-sense na medida certa ou pelo aspecto familiar do drama que alguns personagens supostamente fictícios vivem, Wes Anderson consegue te fazer desejar que o filme não chegue ao fim. E isso, lógico... Sem tirar mérito algum de toda a equipe de produção envolvida e o excelente trabalho de dublagem feito por Owen Wilson, Willem Dafoe, Bill Murray, Wallace Wolodarsky e etc fora os já citados nos parágrafos superiores. Mas quando se tem certeza de que a captura de sentimentos dificílimos de se produzir numa animação de bonecos, ousadia nas sequências e, de forma geral, a VIDA implantada no filme tem a mão do diretor, não há outra escolha senão se render à ele, assim como fizeram tantos outros críticos, atores e cinéfilos.

  Enfim... O que posso dizer é: Assista ao O Fantástico Sr. Raposo e renda-se você também ao Fantástico Wes Anderson!!!


NOTA : ★★★★
[ The Fantastic Mr. Fox / 2009 / Wes Anderson ]

  Quem vigiará os vigilantes? A pergunta nos leva a uma reflexão improvável. Pois uma vez que os vigilantes (Watchmen) são os responsáveis por ficarem de olho na nação para que o crime e a corrupção não prevaleçam, quem ficará de olho neles quando os mesmos forem os grandes corruptos? Quem os vigiará?