Watchmen: ★★★★★

/
0 Comments

  Quem vigiará os vigilantes? A pergunta nos leva a uma reflexão improvável. Pois uma vez que os vigilantes (Watchmen) são os responsáveis por ficarem de olho na nação para que o crime e a corrupção não prevaleçam, quem ficará de olho neles quando os mesmos forem os grandes corruptos? Quem os vigiará?

  Ambientada numa realidade alternativa de 1985 (versão alternativa na qual, inclusive, os americanos triunfaram na Guerra do Vietnã) onde super-heróis e vilões de quadrinhos não são lá raridades na sociedade, os Estados Unidos e a União Soviética vivem a tensa Guerra Fria. Mas em uma corrida armamentista onde, supostamente, os soviéticos se fortalecem com armas nucleares, os norte-americanos tem nada menos que Dr. Manhattan (o único dos recém-aposentados “vigilantes” que possui super poderes) a seu favor.

  Como se já não fosse um tanto controversa a ideia de um super-herói tomando partido em uma guerra política/militar, no filme dirigido por Zack Snyder nos deparamos com uma legião de heróis formada por pessoas comuns – isto é, que não necessariamente vieram de outro planeta ou tiveram contato com algum elemento químico radioativo - que decidiram combater o crime. O grande lamento é notar que seres humanos comuns cometem erros comuns, mesmo em seus uniformes e máscaras. Em função de uma série de questionamentos levantados a respeito da integridade destes vigilantes, criou-se a Lei Keene, tornando ilegal a atuação dos justiceiros (com exceção de Dr. Manhattam e O Comediante, estes contratados pelo governo americano).

  O filme inicia-se em uma cena formidável e incrivelmente fiel aos quadrinhos onde O Comediante (sádico, violento e irônico personagem da trama) é assassinado. Investigando o caso, Rorschach (o único mascarado a continuar ilegalmente na ativa após a Lei Keene) narra em seu diário todo o processo da investigação contemplando suas desconfianças e descobertas inesperadas. E agora me permitam, por favor... Que baita personagem!!! Fazer de narrador (o mais próximo que se tem de um protagonista em Watchmen) um anti-herói lunático e fora-da-lei é uma jogada inteligentíssima de Snyder, mesmo que toda a essência do personagem seja criação de Alan Moore (escritor da série em quadrinhos). Palmas para ambos, nesse caso!

  Igualmente abundantes em suas imperfeições, temos o intelectual e decadente Coruja II, o visionário e ególatra Ozymandias e a atraente e sequelada Espectral II. Todos personagens altamente complexos, dificilmente compreendidos por completo em “apenas” 2 horas e 40 minutos. A grande chave da película para nos aproximar dessa compreensão é o uso constante de flashbacks. O próprio clipe introdutório é um flashback divinamente sonorizado por “Bob Dylan – Times They Are A-Changin”. Bravo! Sem dúvidas, uma das mais belas sequências do filme.

  Enfim, diálogos filosóficos, brilhantes frases de efeito e violentos combates te levarão ao êxtase! Como fã descarado da série em quadrinhos, gostaria mesmo era de comentar ainda mais sobre a obra, especificamente sobre dois personagens que muito me intrigam no enredo, mas entendo que fazê-lo seria privá-los de uma percepção individual necessária ao assistir ao filme. Tudo o que posso dizer é: Watch the Watchmen!
Longo? Sim. 
Paradão? Também.
Vai frustrar alguns? Com certeza.
Mas é como costumo dizer: Para elevar qualquer arte que seja (filme, música, livro, o que for) a um nível a frente, é necessário deixar algumas pessoas para trás...



NOTA : ★★★★★
[ Watchmen / 2009 / Zack Snyder ]


Mais textos que você poderá gostar

Nenhum comentário: