Vício Inerente: ★★★

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  Hoje acordei sem lembrar ao certo se assisti à um filme ou se sonhei com um filme. "Que viagem..." foi o pensamento predominante durante o banho, café e indo para a aula, enquanto lembrava das sequências dirigidas por Paul Thomas Anderson. Mas foi fazendo o caminho de volta que me convenci não somente do que havia acontecido como um todo, mas de que eu precisava de mais uma dose. Mais uma dose de Vício Inerente

  Podemos dizer que o mais recente trabalho do visionário e peculiar diretor tem, assim como direções prévias do mesmo, um ritmo que não vai agradar gregos e troianos. Afinal, não é todo mundo que gosta de filmes "paradões" (numa linguagem mais desacatada). Não é verdade? 

  A adaptação do livro homônimo de Thoman Pynchon acontece numa Los Angeles setentista e inicia-se numa cena onde o detetive particular - e chapado de carteirinha - Doc Sportello (Joaquin Phoenix) é surpreendido com a visita de sua ex-namorada Shasta, a qual o mesmo não via há mais de um ano. E com um olhar que gritava "saudade", Shasta explica que tem saído com um cara casado. Sendo mais preciso, um milionário chamado Mickey Wolfmann. E que o mesmo estava prestes a ser vítima de um sequestro com o intuito de interná-lo num manicômio, por sua própria esposa (a qual aceitava pacificamente o caso dos dois). E então, eis a grande dúvida na qual Shasta precisava da ajuda do anti-herói Sportello: Deveria ela se unir à esposa de Mickey e desfrutar da fortuna? 

  Daí pra frente a história vai se esclarecendo, não é? Errado. Nas 2 horas seguintes de investigação e mal-entendidos a trama só se enrola. Personagens e mais personagens nos são apresentados num ritmo monótono em um cenário alucinógeno (talvez devido a brisa por osmose de tanto que o protagonista fuma baseado em cena). Você está certo de que não deve estar entendendo tudo muito bem, mas entende que deve está tudo certo. Ãn? Em outras palavras, não se preocupe em entender cada detalhe do desenrolar da história, pois tenho convicção de que a oferta do filme é a tal "viagem" e não o entendimento. 

  Divertido, psicodélico e cheio de atuações marcantes (como de praxe nas películas dirigidas por PTA), o filme traz esse efeito gradativo na avaliação de quem o assiste. Melhorado à cada reflexão. Sabe aquela viagem que você fez ou experiência que viveu e apenas tempos depois se dá conta de que ela foi fantástica? Vício Inerente é essa viagem que só vai saber aproveitá-la quem desistir de digeri-lo à cada diálogo e, despreocupada e simplesmente, viver o momento.

NOTA : ★★★
[ Inherent Vice / 2014 / Paul Thomas Anderson ]


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