Pratteleira: Toda Forma de Amor: ★★★½

Toda Forma de Amor: ★★★½

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Amar alguém e se permitir conhecer um ser por inteiro é algo tão único, independente de quantas vezes aconteça, que mesmo o mais experiente no assunto torna-se uma criança uma vez apaixonado. Beginners - ou "Toda Forma de Amor" - conta a história de um casal que tem apenas uma certeza, a de que não tem certeza de nada quando se trata de amor. Dirigido por Mike Mills, o filme que recebeu o termo "sincero" como descrição curta pela crítica, é um de meus favoritos do gênero e não poderia deixar de vir para o Pratteleira.

Duas pessoas de verdade. Oliver é um artista gráfico que leva uma vida tranquila e sem grandes expectativas. Anna é uma atriz francesa que, em contrapartida, tem uma vida bem agitada e corrida. Tendo que lidar, num espaço pouco maior que 5 anos, com 3 grandes baques (morte da mãe, descoberta que o pai é gay, descoberta que o pai tem câncer - em ordem cronológica) Oliver vive a fase mais confusa de sua vida. Mal sabia ele que alguém ainda mais confuso entraria de paraquedas nessa história...

Problemas de verdade. Anna é instável, incrivelmente receosa e independente o suficiente para não esperar pelo "príncipe encantado" para ser feliz. Oliver é pessimista, sentimentalmente exigente e absurdamente inseguro, ainda mais quando essa insegurança é alimentada pela de sua parceira, como é o caso com Anna. O protagonista da trama também costuma sabotar seus próprios relacionamentos por acreditar que os mesmos jamais darão certo. É como se sua tendência fosse pensar "Tá bom demais para ser verdade. Logo, não é. Vou acabar, assim será menos doloroso do que esperar chegar ao fim". E, citando Renato Russo, quem um dia irá dizer que existe razão nas coisas feitas pelo coração?

Um Romance de verdade. Ambos decidem se amar mesmo com seus defeitos e desastrosas inseguranças, tentando usar suas experiências passadas (um tanto inusitadas, eu diria) como aprendizado para seguir com essa relação. Mas a verdade é que os dois sabem que tem muito o que aprender, considerando-se, então, verdadeiros iniciantes (beginners, como o título original muito bem propõe) nessa coisa que chamam de amor. E aí a grande pergunta: O quão disposto se está para aprender a amar? O quão preparado se está para ser um iniciante?

É incrível como, a partir do momento que elimina-se a chatice dos clichês românticos do casal que se conhece desde a infância e nasceu um para o outro e blá blá blá, filmes com essa temática passam a ser super interessantes, pois retratam o que acontece conosco. E esse é o grande diferencial de Beginners, entendem? O compromisso e o senso de responsabilidade que os protagonistas Ewan McGregor (Peixe Grande) e Mélanie Laurent (Bastardos Inglórios) tiveram de representar seus "semelhantes" da vida real (nós, pessoas comuns) foi tão grande que torna-se impossível não achar o filme interessante.

Envolvente, dramático, engraçado, ousado e, repetindo para enfatizar, sincero. Um bom filme para se assistir a dois, a três, a quatro, sozinho ou a mil. Uma trama comum e nem por isso menos ímpar que qualquer outra grande história. Aos mal acostumados com contos de fada, uma chacoalhada. Aos que se identificam com os personagens, uma luz no fim do túnel. Duas pessoas de verdade com problemas de verdade vivendo um romance de verdade... Um filme de verdade!

NOTA : ★★★½

[ Beginners / 2010 / Mike Mills ]