Inside Llewyn Davis - Balada de Um Homem Comum: ★★★★½

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2 Comments

  Inaugurando o Pratteleira, venho falar do mais novo filme dos irmãos Coen que, para mim, foi uma das grandes surpresas do Oscar. Não que eu não esperasse muita coisa do filme, pelo contrário, o "Selo Coen de qualidade” é suficiente para elevar minhas expectativas! A questão é que Inside Llewyn Davis foi um tanto quanto esnobado nas indicações ao Oscar e, se querem saber, isso ainda me surpreende.


  Composto por uma série de desventuras que acontecem dentro do período de uma semana da vida do personagem, a Balada de Um Homem Comum (como foi subtitulado no Brasil) retrata a árdua luta de um frustrado músico por um lugar ao sol no cenário Folk dos anos 6O. Porém, mais que somente um drama inspirado em relatos sobre a vida do músico nova-iorquino Dave Van Ronk, Inside Llewyn Davis é um filme de caráter intimista e melancólico. Costumo classificar filmes com essas características em duas categorias: O que se assiste e o que se vive. Enquadrando-se na segunda categoria, Llewyn Davis nos convida para viver cada cena de sua vida (a qual o mesmo vê até com certo desdém) ao seu lado. E é incrível como tudo isso é feito de maneira romântica mesmo com seus aspectos cômicos...

  Por alguns momentos, me senti tão inserido na adversa vida de Llewyn que me incomodei com os olhares que reprovavam seu talento, tomando suas dores a ponto de, por um breve momento, me deixar levar por uma  espécie de revolta com a quantidade de porcaria que faz sucesso com as massas. Afinal, é indignante a maneira como bons músicos são preteridos, muitas vezes, para dar lugar ao lixo comercial que é reproduzido nas rádios. Em outras palavras, bateu a vontade de dizer “Isso que é música de qualidade!”. E o final do filme? Bom, é a grande assinatura dos Coen: Um final bem menos relevante que o todo. E quem precisa de um Grand Finale quando se tem um “Grand Filme”?


  E com tantos infortúnios na vida do personagem, preciso destacar que o maior deles acontece, ironicamente, com o ator que o interpreta: Oscar Isaac. Em minha opinião, injustiçado, Isaac é incompreensivelmente ignorado pela Academia em sua impecável atuação! Sua capacidade artística é tão bem representada tanto na música como na dramatização, que é difícil separar uma qualidade da outra ao avaliar seu desempenho no papel, pois elas se completam no longa. E quem diria que uma das mensagens que mais se absorve no filme – Isto é, de que nem sempre os mais talentosos são devidamente reconhecidos – se repetiria fora da telona, não é mesmo?


  Sinceramente, era lógico, desde o trailer, que eu amaria a película. É muito mais que um presentaço aos fãs da música folk. É um dos melhores filmes da carreira dos Coen, e isso não é pouca coisa! Altamente recomendável aos fãs de Bob Dylan, aos simpatizantes da melancolia e aos diagnosticados com suspeita de ‘síndrome de underground’. O tipo de filme que você vai preferir amar sozinho ou, ciumentamente, ser bem seletivo na hora de recomendar.



NOTA : ★★★★½
[ Inside Llewyn Davis / 2013 / The Coen Brothers ]


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2 comentários:

  1. É fantástico quando um filme nos proporciona uma identificação.

    Somos comuns, mas nem por isso deixamos de ser únicos. Gostei do título do post. Seu critério é altíssimo... Nota 8 para Don Jon e 9 para Inside, mostra que vc é exigente... Eu dei nota 10 fácil para essas duas obras-primas... Vou me surpreender quando ver um 10 por aqui...

    Segue meus comentários sobre Inside Llewyn Davis http://renovoblog.blogspot.com.br/2014/02/filme-inside-llewyn-davis-balada-de-um.html

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    1. Hahahaha, acredito que, na maiora das vezes, o critério alto é medo de "queimar ficha" e não tê-las quando for um filme que mexa comigo de uma forma fora do comum, uma vez que não poderei criar uma nota 11 para o mesmo hahaha.

      Agradeço demais seu incentivo, já disse isso. Não conheço tanto quanto você, mas devagarinho vou chegando lá, né?

      Abraço, amigo.

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