Amargo Reencontro: ★★★

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  Richard Linklater é um diretor/roteirista bem "aventureiro", se podemos colocar dessa forma. Em 2001, mesmo ano em que lançou nas telonas o extraordinário e único Waking Life, aventurou-se também na proposta de transmitir a experiência de uma peça teatral para os amantes do cinema com o filme Tape (ou Amargo Reencontro, em pobre tradução). Mas e aí? A experiência foi um sucesso, fracasso ou meio-termo? 

  Johhny (Robert Sean Leonard) e Vince (Ethan Hawke) são amigos de longa data que decidiram se reencontrar após muito tempo por uma questão de conveniência, uma vez que ambos estavam em sua terra natal. Johnny, agora um cineasta, demonstra um ar de superioridade ao tratar com Vince (que não fez "nada com a vida") mesmo aparentemente evitando. E em meio aos diálogos nostálgicos e de praxe sobre os velhos tempos, nasce o grande drama do longa: Amy (Uma Thurman), a garota com quem ambos namoraram. 

"Pessoas mudam. Eles acabam não tendo nada a dizer um ao outro , mesmo que eles fossem melhores amigos anos antes".

  Sendo bem honesto, Amargo Reencontro não passa tanto disso não, sabe? Digo, o filme conta com um roteiro intencionalmente meia-boca, uma produção simples (pseudo-amadora), um elenco de exatamente 3 atores, 1 hora e 26 minutos de duração e isso sem mencionar o fato do mesmo possuir um cenário único, que é o quartinho de hotel onde Vince está hospedado. Mas por quê fazer um filme com recursos tão escassos? Ah Ha! Essa é a grande questão...

  Acredito que grandes diretores, como Linklater, estão sempre propensos a toparem grandes desafios. O que o cineasta norte-americano viu na peça homônima de Stephen Belber foi a oportunidade de fazer algo igualmente intrigante para a tela do cinema. E conseguiu! Porque o que temos em 1 hora meia é um enfoque claríssimo nos diálogos, tamanha é a enfase que nos faz fazer parte daquele momento. Como se, de fato, tivéssemos quebrado a quarta parede entrado naquele quartinho. 

  O que para mim é fantástico perceber é justamente as decisões tomadas por Richard. Ele poderia ter feito algo muito maior com a aquela peça. Poderia ter dirigido um filme muito mais comercial sem fugir da essência da história. Porém, o que ele fez foi diminuir diversos recursos cinematográficos para que justamente olhássemos para o que resta: O Diálogo. Outro fato interessante é que assim como em sua trilogia de maior sucesso (Antes do Amanhecer), nos deparamos com várias sequências de conversa sem corte algum, dando um ar muito mais realista às cenas.

  Não trata-se de um filme fora de série, muito menos um must see. Mas Reencontro Amargo passa longe de ser um filme medíocre e sempre... Digo, SEMPRE vai encantar aqueles que amam o cinema por sua substância. 


NOTA : ★★★
[ Tape / 2001 / Richard Linklater ]


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