Na Mira do Chefe: ★★★★

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  Comédia, Drama, Ação, Romance e Cultura numa cidade de conto de fadas, ou 'in a fucking fairytale town', como preferir. "In Bruges" é o atípico filme completo. Não só do tipo que tem início, meio e fim bem definidos (sem enrolação) mas do tipo que se assiste e não se sente falta de artifício algum. Dotado de uma enorme competência e envolvimento, o filme foi muito bem avaliado pela crítica em 2008 (ano de lançamento) e ganhou hoje seu espaço no Pratteleira.

  Assisti ao "In Bruges" da maneira que mais me agrada: Sem ter visto trailers, sinopse ou lido qualquer coisa a respeito. A única coisa que sabia era que o filme era estrelado por Colin Farrel, e apesar de não me recordar de nenhuma atuação realmente notável do mesmo, sempre foi um ator que me agradou. Pois bem, quero deixar em destaque nesse parágrafo o que achei do ator irlandês nessa película: Melhor atuação de Colin Farrel que já vi.

  "Depois que os matei, larguei a arma no Rio Tâmisa. Limpei os resíduos da minha mão no banheiro do Burger King e fui para casa esperar por instruções. Logo Depois, as instruções chegaram. - "Caiam fora de Londres, seus idiotas! Vão para Bruges!" - Eu não sabia nem onde ficava a porra do Bruges...          É na Bélgica". Com essa ótima narrativa de Ray (Colin Farrel) somos introduzidos ao contexto do filme e ao "porquê" deles estarem na cidade belga, que por sinal é encantadora. Cheia de ruínas e características de uma fortaleza medieval. É um "must see" geográfico.


  Agindo como turistas na "Veneza do Norte" (Como Bruges é apelidada), os matadores de aluguel Ray e Ken (Brendan Gleeson) vão intercalando momentos engraçados e dramáticos na trama enquanto nos apresentam a bela cidade. Porém ainda sequelado por seu trabalho anterior, Ray acaba sendo o ranzinza da viagem, não conseguindo aproveitar ou enxergar interesse algum em toda a paisagem. Para mim, o personagem é incrivelmente notável e bem elaborado, pois se por um lado ele consegue nos arrancar gargalhadas com seu cinismo e suas piadas inteligentes, por outro nos emociona com seu drama pessoal: Acordar todos os dias sabendo que fez o que fez em seu último trabalho e lidar com isso.

 obs: É óbvio que não vou estragar essa surpresa e contar o que aconteceu.
Os Tiques nervosos, a sinceridade em sua angústia, a cara-de-pau, a bipolaridade em certas cenas são apenas alguns dos pontos altos do personagem magistralmente interpretado por Farrel, que de forma muito justa, foi premiado com o Globo de Ouro pelo papel.

  Fora isso, acho importante destacar que o ousado diretor e roteirista Martin Mcdonagh teve seu trabalho muito bem reconhecido e premiado. Inclusive, lembrado até pela Academia, que chegou a indicar o filme para a disputa do melhor roteiro original. E acreditem se quiser: 'In Bruges' foi apenas o primeiro longa-metragem de sua carreira. Promissor, sim ou claro?


  Outra coisa que é interessante de deixar destacado é a infelicidade no título do filme em pt-br. "Na Mira do Chefe"... Sério? A parcela de relevância do chefe (Harry) no contexto geral do filme é tão grande (ironic mode) que eu sequer precisei mencioná-lo na resenha. Enquanto o foco principal da obra é a estadia de Ray em Bruges, me colocam um título digno de "sessão da tarde", alterando toda a expectativa em relação ao filme. Felizmente, nem isso é capaz de diminuir o fantástico longa, o qual classifico como um verdadeiro Clássico Moderno, sem exageros. Se você gosta de humor negro, ou de adrenalina, ou de romance, ou de se emocionar, ou de tudo isso em um só filme... Assista ao "In Bruges" e, de quebra, se encante com a cidade. Afinal, It's a fucking fairytale town, isn't it?



NOTA : ★★★★
[ In Bruges / 2008 / Martin McDonagh ]


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2 comentários:

  1. Antes tarde do que nunca, cá estou eu, em 2015, pra dizer que vi o filme e gostei muito! Só faltou mencionar o grande (tanto fisicamente como ator também, rsrsrs) Brendan Gleeson, fundamental para o desenvolvimento da trama! Abraços. Wellington

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    1. Esqueci de dizer que concordo totalmente com você sobre o mau gosto na escolha do título do filme no nosso idioma. Impressionante como pensamos a mesma coisa, tanto sobre o título ser um tanto "Sessão da Tarde" quanto levar a uma expectativa totalmente diferente do que o filme é.

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